quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Da menina e o vento


Naquele momento de ventania ela se lembrava dos sonhos coloridos que costumava ter. O vento trazia e levava as lembranças mais ocultas. Em um mundo paralisado e escondido em meio a todo aquele frio, ela pensava  nas cartas escritas e lançadas ao vento na esperança de que o mesmo voltasse e trouxesse para ela seus sonhos realizados, escritos sem as manchas das lágrimas que borravam cada palavra escrita. Lá fora o vento rijo balançava os pensamentos já embaralhados e trazia de volta à memória as mesmas palavras sem cartas. A menina não chorava, caía uma chuva totalmente corrosível de lágrimas na tempestade infinita, que no auge  de sua acidez gastava todo aquele mundo e fazia com que ela sorrisse a sensação de paz-liberdade no desabafo de maior intensidade e vontade de voar junto com os sentimentos de sua mente. No cessar daquele vento ela percebe que a tempestade  lhe serviria de base para escrever novas cartas em agradecimento, e todas aquelas lágrimas dariam o impulso suficiente para que as cartas ao vento conseguissem chegar ao céu para serem lidas, respondidas e reenviadas em palavras que a fariam sorrir novamente.